RECEBI DA AMIGA ESTELA GALDINO
DO BLOG PANELAÇO DA ESTELA
REPASSO PORQUE O POVO PRECISA
SABER...
Ave, Lula
JOSÉ DANON
Para a maioria dos brasileiros, já tão acostumados à
demagogia tradicional do discurso de seus políticos, não desperta surpresa o
exótico comportamento de Lula em suas frequentes e folclóricas manifestações
públicas em exibição nos cenários nacional e internacional.
Mas no exterior esse tipo de atitude não contribui
favoravelmente para melhorar a imagem de seriedade e estabilidade
político-institucional que o Brasil pretende cultivar. O mundo não vê grande
diferença entre as excentricidades de um Lula
que se propõe a resolver, munido somente de charme tupiniquim, impasses
diplomáticos internacionais históricos e milenares de grande complexidade ou de um folclórico Idi Amin Dada de triste
memória, que afirmava, para o entretenimento de sua plateia global, ser capaz
de se comunicar verbalmente com crocodilos.
No caso de Idi Amin, o artifício de se mostrar
propositalmente extravagante se justificava em razão de que suas esquisitices
faziam parte de um estratagema publicitário que lhe permitia alcançar a
visibilidade desejada. No caso de Lula, além do visível objetivo de promoção
pessoal, esse comportamento não tem nenhum outro sentido prático, ao contrário.
Sua atuação tem contribuído para a desconstrução dos esforços diplomáticos de
pacífica e progressista convivência que historicamente orientam nossas relações
exteriores. Um sintético retrospecto das recentes peripécias da diplomacia
deste governo faz crer que nossa política externa, outrora objetiva e
responsável, se encontra hoje em mãos de condutores de maturidade política e de
eficácia igualmente questionáveis.
Com Honduras, tivemos o fiasco diplomático resultante da
desastrada intervenção brasileira, apoiando e dando abrigo em nossa embaixada a
um presidente que pretendia se eternizar no poder e, ao final, foi devidamente
substituído por um sucessor democraticamente eleito.
Com a Itália, um inexplicável esforço para dar guarida a um
ex-guerrilheiro condenado por diversos assassinatos pela Justiça de seu país,
criando um impasse diplomático absolutamente desnecessário com um importante e
tradicional aliado comercial e político.
Com a Venezuela, o inexplicável apoio pessoal de Lula ao
déspota Hugo Chávez, que ampara guerrilheiros, censura a imprensa e prende
opositores políticos, e que Lula, curiosamente, defende como exemplo de
liderança democrática (certamente aferido por sua visão pessoal e esperamos que intransferível do que seja democracia).
Em Cuba, seu apoio incondicional ao ditador Fidel Castro, no
poder, de fato, há 51 anos. Recentemente, por ocasião da morte de Orlando
Zapata, prisioneiro político em greve de fome nos calabouços cubanos, Lula
logrou a façanha de proferir uma das declarações mais infelizes e polêmicas já
protagonizadas por um presidente brasileiro no exterior, culpando a vítima por
sua própria morte, ao "deixar-se morrer". Sua bizarra declaração foi
unânime e globalmente criticada, até por seus aliados políticos.
Lula foi também o mentor do perdão de dívidas de outros
países com o Brasil, ignorando carências internas gritantes. São cenas
cotidianas o nosso sistema viário abandonado, hospitais inoperantes, escolas
desamparadas, prisões comandadas por prisioneiros, barracos de papelão servindo
de moradia a trabalhadores que pagam os impostos que vão financiar metrôs e
armamentos na Venezuela, hotéis em Cuba, casas de alvenaria na Bolívia e
empregos no Paraguai, no Equador, em Moçambique, na Nigéria, em Cabo Verde, na
Nicarágua e no Gabão. O total das dívidas perdoadas desses países foi de R$
1,62 bilhão, quantia suficiente para atender ao reajuste dos aposentados, que o
governo afirma não ter recursos para honrar. Está também doando como ajuda à
Grécia mais de R$ 567 milhões, além de emprestar R$ 17 bilhões ao FMI sem haver
sido convidado a fazê-lo.
Conta-se que os Césares de Roma traziam a seu lado nas bigas,
ao desfilarem em seu triunfante retorno das batalhas, uma pessoa que teria a
única função de sussurrar repetidamente em seus ouvidos: "Lembra-te de que
és mortal, ó César." Como contrapartida ao clamor da multidão que poderia
levá-los a olvidar-se de sua condição humana e acreditar-se divinos, esse
chamado tinha o objetivo de reconduzi-los à realidade, lembrá-los de sua
própria finitude, restabelecendo assim a normalidade das coisas.
Talvez nos falte alguém que ao lado desse homem visivelmente
deslumbrado pelo poder, seduzido pelo afago dos indefectíveis aduladores e de
questionável preparo para o exercício de uma função tão complexa, repita ao seu
ouvido, de tempos em tempos: "Meu senhor, o senhor é só presidente.
Lembre-se de que seu cargo é temporário, ó Lula."
Um presidente que descumpre as leis que não lhe agradam e
debocha das sanções que lhe são aplicadas está desprestigiando os fundamentos
em que se baseia o sistema democrático, nossa única garantia real de liberdade.
Deve-se questionar se quem dá tão pouco valor às regras institucionais que
regem a democracia poderá merecer representá-la. Em breve saberemos se a
"herança maldita" é a que foi recebida por este governo ou a que será
deixada por ele.
Afortunadamente, no bojo da própria arquitetura concepcional,
formal e dinâmica da ideia de democracia reside, assim como um antídoto
guardado no estojo do veneno, o elemento de correção das possíveis ameaças à
sua viabilidade: a obrigatoriedade intransigente e inegociável da reavaliação
periódica de sua evolução.
A alternância no poder não pretende ser o elixir de
mirabolantes propriedades para a cura de todos os nossos males, mas o nutriente
que nos permite sobreviver para que possamos ter a liberdade de errar quantas
vezes forem necessárias.
Vale lembrar que a maior virtude da democracia não é a de nos
conceder a faculdade de optar pela escolha certa, mas sim a de nos garantir o
permanente direito de poder corrigir a escolha errada.
Felizmente, 3 de outubro de 2010 nos espera
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