Um dia disseram a Lula da Silva que ele mudaria a
geopolítica mundial. A idéia megalômana era a de projetar em curto prazo o
Brasil como potência que ultrapassasse as existentes, especialmente, os Estados
Unidos.
De imediato o presidente da República encampou a inebriante
sugestão e assumiu o papel de super-homem também a nível internacional. Para
uso interno já lhe havia sido construída a imagem de super-herói com traços
divinizados, pois o Brasil, segundo a lenda da propaganda, se divide entre
antes e depois de Lula da Silva.
Naturalmente, foram planejadas eficientes estratégias que
culminaram no atual estado de coisas de total alienação popular, domínio dos
partidos políticos, do Legislativo, do Judiciário e das instituições.
Importante também a manutenção do poder, algo projetado para no mínimo vinte
anos conforme sempre apregoou o sempre todo-poderoso José Dirceu.
A meta está focada em destruir o Estado de Direito
democrático que inclui as liberdades civis, entre elas a de pensamento e de
mercado, e os direitos humanos. Provém daí o estridente antiamericanismo que,
na América Latina tem em seus expoentes os irmãos Castro, Hugo Chávez e seus
satélites e, porque não, Lula da Silva que ultimamente tem aumentado tom e
ritmo das provocações aos Estados unidos.
Note-se que na política externa, orientada basicamente por
Marco Aurélio Garcia, o Brasil tem se posicionado a favor da escória mundial.
Desse modo, nosso país tem vergonhosamente se calado sobre as violações de
direitos humanos em Cuba, no Irã, na Coreia do Norte, no Sudão, no Congo, em
Sri Lanca.
Acrescente-se que o presidente da República fica à vontade
quando se trata de ir à Venezuela fazer campanha para Chávez e outros vizinhos
que são companheiros. Porém, se absteve de comparecer á posse do presidente
eleito no Chile, Sebastián Piñera, anatematizado por ser de direita.
O Brasil violou a soberania da pequena e valente Honduras,
introduzindo na embaixada brasileira, a mando de Hugo Chávez, o defenestrado
Manoel Zelaya. Lula da Silva tem visitado e apoiado ditadores africanos, mas o
espetáculo mais vergonhoso aconteceu durante sua última viagem à Cuba, quando
protagonizou espetáculo deprimente ao confraternizar alegremente com os
ditadores Castro, enquanto o corpo martirizado do dissidente Orlando Zapata
esfriava no caixão. Ao mesmo tempo, o presidente brasileiro fez ouvidos moucos
às súplicas dos dissidentes cubanos, defensores da liberdade, e os rotulou de
bandidos. Certamente, o super-homem que contém o vírus da paz e do diálogo,
classificará também as damas de branco, que em Cuba foram às ruas em protesto
pacífico em nome da liberdade, de bandidas.
Mas nosso super-homem não pode parar. O mundo o espera para
continuar a girar. Então, partiu em missão na qual as mais importantes
autoridades mundiais têm falhado há anos: intermediar um acordo de paz entre
israelenses e palestinos, em que pese ambos os lados ter afirmado que não lhes
interessa tal mediação. Mas o fantasma do cubano Orlando Zapata Tamayo parece
assombrar Lula da Silva, pois sua passagem pelo Oriente Médio converteu-se num
novo fiasco.
Em vão governo e oposição israelenses cobraram de Lula apoio
as sanções contra o Irã. Como aconteceu com Hillary Clinton durante sua visita
ao Brasil, ele demonstrou inabalável fidelidade ao amigo e aliado, Mahmoud
Ahmadinejad. E fez mais para afrontar o povo judeu: se recusou a depositar
flores no túmulo de Theodor Herzl, fundador do sionismo, portanto, defensor da
autodeterminação dos judeus através de um Estado próprio. O insulto foi mais
uma brilhante idéia de Marco Aurélio Garcia, que avaliou a solenidade como uma
contradição a posição brasileira pró-palestinos.
Como compensação ao desacato, Lula colocou uma coroa de
flores no memorial do Museu do Holocausto, em Jerusalém, enquanto repetia em
performance shakesperiana: “nunca mais, nunca mais, nunca mais”. O desempenho
teatral, contudo, não o impede de ser aliado de Ahmadinejad que nega o
Holocausto e prega obsessivamente a destruição de Israel.
Após a passagem por Israel, Lula da Silva se encontrou com o
presidente da autoridade palestina, Mahmoud Abbas. Muito a vontade, subiu o tom
contra a expansão dos assentamentos, pregou a derrubada do muro construído por
Israel nas suas fronteiras com a Cisjordânia como medida defensiva e aproveitou
a crise entre Israel e Estados Unidos para de novo se oferecer como mediador
dos conflitos e até conversar com o grupo terrorista Hamas. Colocou flores no
túmulo de Yasser Arafat para marcar a diferença.
Lula da Silva não chegou num bom momento em Cuba nem em
Israel. Em maio fará mais uma viagem, desta vez ao Irã. Se no dia de sua
chegada, mais opositores ao governo de Ahmadinejad estiverem sendo enforcados,
saberemos se a sorte do “cara” acabou ou não de vez como líder de uma nova e
vergonhosa geopolítica mundial.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
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